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terça-feira, fevereiro 27

Censo da Vida Marinha identifica mil espécies na Antárctida

O navio oceanográfico alemão "Polarstern" acaba de descobrir mil espécies nas águas da Antárctida. Algumas poderão mesmo ser novas para a ciência.

Com 52 cientistas de 14 países a bordo, esta foi a primeira de 13 expedições previstas no âmbito do Censo da Vida Marinha Antárctica, um dos maiores projectos lançados com o Ano Polar Internacional, que começa a 1 de Março.O Censo na Antárctida tem cinco anos para completar a manta de retalhos que é o conhecimento actual sobre a biodiversidade marinha no Pólo Sul.

A 23 de Novembro de 2006, o quebra-gelos "Polarstern" partiu da África do Sul à descoberta de um mundo enterrado no gelo há cinco mil anos, ou talvez mesmo 12 mil anos. Até agora, os cientistas espreitavam por buracos no gelo para saber o que estava nas profundidades polares, mas o colapso das plataformas de gelo Larsen A e B, há 12 e cinco anos, respectivamente — devido ao aumento das temperaturas médias na região — deixou a descoberto uma área do tamanho da Bélgica.

Durante dez semanas, os cientistas exploraram um dos ecossistemas marinhos mais intocados pelo ser humano de todo o planeta. Anémonas, ouriços-do-mar, camarões, polvos e corais são habitantes que agora se deram a conhecer. Além de terem listado as espécies existentes, os investigadores descobriram que o espaço virgem está já a ser colonizado por novas espécies. "O que aprendemos com a expedição do 'Polarstern' é apenas a ponta do icebergue", diz Michael Stoddart, coordenador do Censo da Vida Marinha Antárctica, na Austrália, citado num comunicado de imprensa.

Cientistas querem conhecer efeitos das alterações climáticas na biodiversidadeEstes cientistas querem ir mais longe, para lá da listagem de novas criaturas nos compêndios de biologia. A preocupação deste censo é conhecer as espécies da Antárctida para saber até que ponto são vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas, sentidos a um ritmo mais acelerado nas regiões polares do que em qualquer outro local do planeta.

"As viagens do censo, no Ano Polar Internacional, vão fazer uma nova luz sobre como as variações climáticas afectam as espécies que vivem nesta região", acrescentou Stoddart. Portugal também vai contribuir para a fotografia da vida marinha antárctica. José Xavier, biólogo marinho da Universidade do Algarve, está pronto para partir. "Existe muito a ideia de que as águas dos trópicos têm uma maior biodiversidade do que as polares. Mas isso só acontece porque estas estão pouco exploradas", disse José Xavier em declarações ao PÚBLICO. O investigador considera que o Ano Polar Internacional é uma oportunidade de ouro para reunir cientistas que trabalhavam dispersos.

Fonte: Publico.pt 27-02-07