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terça-feira, janeiro 2

Trabalhos académicos podem ser comprados na Net

"O recurso crescente dos estudantes à Internet em busca de informação para os trabalhos escolares e universitários converteu meras exposições, monografias, dissertações ou mesmo teses em exercícios de plágio construídos sem pejo.

Muitas das vezes, o "rabo" fica de fora para gáudio dos professores são as mantas de retalho sem nexo ou construções frásicas com sabor abrasileirado.

Outras vezes, as cópias dão mais luta, exigindo ao docente a utlização de ferramenta idêntica para detectar a infracção".

O mundo da fraude académica fica complementada com um número crescente de licenciados desempregados que, a troco de um punhado de euros, faz surgir o trabalho que, com sorte, acelera a obtenção do tão desejado canudo.

Tudo começa no Ensino Básico, quando a professora pede um pequeno trabalho, coisa leve, sobre, por exemplo, o meio ambiente.

"Quando peço os trabalhos, já sei que vou acabar por receber muitos semelhantes, com as mesmas ilustrações e os mesmos gráficos. Os alunos vão todos ao Google e pronto".

Ana Faria, professora de Ciências Naturais, não se importa. "O importante é que aprendam a pesquisar. Mas alerto-os sempre para a necessidade de identificarem a fonte de informação", esclareceu.Do Básico, pelo Secundário, até ao Superior, o caminho da investigação raramente conhece outro assento que não seja a cadeira em frente a um terminal de computador com ligação à Net.

As noções de ética ouvidas nesta ou naquela aula não têm a força para vencer o facilitismo de escolher e copiar aquilo que outros produziram.É por isso que Jorge Tavares (o que se dispôs a revelar ao JN exige anonimato) vai ter de recorrer ao motor de pesquisa Google para analisar, nas próximas semanas, os trabalhos de fim de semestre dos seus alunos da área das engenharias.

"São alunos dos 4.º e 5.º anos, mas sei, por experiência adquirida, que uns 80% tiveram na Net a sua única fonte de pesquisa", salientou.


Fonte: Jornal de Notícias 02-01-07